sábado, 19 de janeiro de 2008

Passeio pelo Porto

Passeio pelo Porto, promovido pela disciplina de Seminário, numa tentativa de identificar fenómenos sociais, culturais e educativos, numa série de acontecimentos rotineiros do nosso quotidiano.

Apresentação do trabalho

O tema central do trabalho que aqui iremos desenvolver ao longo das aulas de laboratório de multimédia é a Alimentação. O nosso grupo irá tratar dos rituais de Domingo, relacionados com a hora de almoço. Vamos analisar os rituais de Domingo que eram cumpridos no tempo dos nossos avós, e vamos tentar perceber o que se perdeu e o que se manteve ao longo do tempo até à nossa geração.

Rituais de Domingo


Introdução

  • O trabalho que nos propusemos a realizar tem como tema: os rituais que se verificam à hora de almoço ao domingo. Trata-se de um trabalho de investigação, que surgiu no âmbito das disciplinas de Seminário de Iniciação à Mediação e Formação: Temas e Problemas da Educação Contemporânea; e de Introdução às Ciências Sociais.
    Após a análise cuidadosa de várias fotos, que foram tiradas na sequência de um passeio pela cidade do Porto, e que tinham como objectivo levar-nos a identificar fenómenos sociais, culturais, educativos e biológicos, conseguindo interligá-los entre si. Surgiu como tema central para os vários trabalhos: a Alimentação. Este tema foi dividido em vários subtemas, sendo estes mais específicos. No nosso caso, como já foi referido anteriormente, foi-nos feita a proposta de analisar ao longo deste trabalho os rituais que se cumprem à hora do almoço ao domingo, com o objectivo de tentar perceber qual a sua evolução ao longo do tempo.
    Para orientar o nosso trabalho, procedemos à elaboração de uma série de questões de investigação, que nos auxiliaram na recolha e no tratamento da informação:

    - Existem rituais específicos que se cumprem à hora de almoço de domingo?

    - Se existem, que rituais são esses?

    - Esses rituais transmitem-se de geração em geração?

    - Nessas transmissões existe algum tipo de alteração?

    - Estes rituais são ainda marcantes nos nossos dias?

Metodologia

  • Procedimento

    Para a elaboração deste trabalho de investigação recorremos a alguns auxiliares que nos permitiram estudar melhor o tema e obter respostas sobre esta temática dos rituais familiares. Para além da bibliografia consultada, elaboramos uma entrevista que nos permitiu recolher dados sobre estes mesmos rituais. Trata-se então de uma entrevista com questões relacionadas com almoços de Domingo, a sua estrutura e a sua importância ao longo de três gerações.
    Administramos a entrevista a:

    · 2 Idosos com idades superiores a 80 anos, respectivamente um homem e uma mulher
    · 1 Homem de 59 anos
    · 1 Mulher de 51 anos

    Três dos indivíduos entrevistados são da cidade de Viana do Castelo e um da cidade do Porto.

    Aquando do acto da entrevista, foi pedido aos entrevistados que se recordassem dos almoços de Domingo dos seus tempos de infância/juventude. Partindo deste pressuposto poderiam então responder às questões.
    As entrevistas foram efectuadas em locais sossegados, como salas de estar, de forma a proporcionar momentos de maior descontracção e que permitisse que esta decorresse da melhor maneira. Para além das questões de resposta mais rígida, foi concedido espaço e tempo para que os entrevistados se sentissem à vontade para expressar eventuais opiniões ou situações que considerassem relevantes e que quisessem explicitar como característico da sua época ou ritual familiar. Criaram-se então, todas as condições para que obtivéssemos respostas claras e verdadeiras
    Para a elaboração das questões baseamo-nos num inventário de palavras-chave e decorrentes destes rituais que nos ajudaram na exploração do tema, sendo estas, e tendo como temas principal rituais de alimentação, as seguintes: almoço de Domingo, família (número, agregado, disposição na mesa), local, utensílios, tipos de comida, preparação/modo de confecção, vestuário, início e desfecho.
    As entrevistas tiveram como tempo de duração aproximadamente quinze minutos.
    Como objectivos de análise decorrentes desta entrevista podemos destacar os seguintes:

    · Entender porque são os almoços de domingo importantes
    · Quais os elementos simbólicos ou físicos que marcam a diferença entre esta refeição e as restantes ao longo da semana
    · Tentar perceber se a forma de viver este ritual varia consoante as diferentes gerações entrevistadas
    · Verificar se se evidencia também uma variabilidade na forma de encarar este momento consoante o nível socio-económico

    Após análise dos objectivos enunciados anteriormente e dando resposta às questões de investigação, verificando se estas corresponderam então às expectativas iniciais, procederemos a uma reflexão mais profunda, no sentido de comparar as realidades existentes, isto é, veremos se as respostas dadas por entrevistados, se coadunam com os dias de hoje, com as possíveis respostas que daríamos às mesmas questões. Tendo em conta o desenvolvimento da sociedade, o que levou a um maior individualismo e subsequente afastamento nas relações familiares; o ritmo de vida das cidades e a “falta de tempo” decorrente e as melhores condições de mobilidade que levam as pessoas a trabalhar longe da sua terra-natal, provavelmente haverá disparidades entre gerações e a sua forma de encarar este momento de reunião familiar.

Respostas obtidas

  • O almoço de Domingo era a refeição mais importante da semana. Todos referiram unanimemente que era regra reunirem-se em família para almoçar ao Domingo e que esta reunião era muito importante.

  • As gerações mais velhas reuniam-se com toda a família, enquanto que as gerações mais novas se restringiam apenas à família nuclear.

  • Os lugares cativos da mesa e de maior destaque, como "as cabeceiras da mesa" como refere um entrevistado, pertencem às figuras por quem mais se tinha respeito, isto é, os mais velhos e os homens. Mesmo no caso de uma reunião da família nuclear, os homens ficam nas pontas, independentemente de haver ou não mulheres mais velhas. os casais eram habitualmente dispostos em termos de paridade e a dona da casa adoptava, habitualmente, uma posição estratégica de forma a ficar mais próxima e a ter melhr acessibilidade à cozinha. As crianças sentavam-se todas juntas ao fundo da mesa.

Quanto à questão dos utensílios utilizados, pedimos aos entrevistados para descreverem os talheres, os copos, os pratos e a toalha, postos na mesa nesse dia e momento especial. No dia-a-dia os pratos eram de loiça e dados de pais para filhos, as toalhas de pano e os copos, no caso da família menos abastada, eram poucos, o que fazia com que recorressem ao uso de canecas. Os utensílios utilizados nesta família nos almoços de Domingo eram os mesmos usados o resto da semana, contudo, havia uma maior preocupação com a disposição destes e um maior cuidado no acto de por a mesa. Nas famílias mais abastadas, os utensílios utilizados nesse dia eram específicos para a ocasião. Utilizava-se a melhor loiça, os melhores talheres e que diferiam, em qualidade, dos utilizados no quotidiano. Os copos utilizados nestes almoços mereciam um cuidado diferente ao nível das lavagens e do local em que eram guardados. Para além da toalha mais bonita e bordada, por vezes, por mulheres da família, dispunha-se na mesa arranjos florais preparados também pelos elementos femininos da família. A quantidade dos utensílios diferenciavam-se também dos utilizados habitualmente. havia mais pratos e mais copos.

  • Os almoços de Domingo realizavam-se na sala de jantar e eram sinónimo de comer mais e melhor. Era o dia das carnes e dos assados. A apresentação era muito mais elaborada e requintada, a comida era apresentada em travessas e não nas habituais panelas que transitavam directamente do fogão para a mesa. As crianças bebiam a tradicional laranjada e os adultos dividiam-se entre água e vinho, sendo este último também de extrema importância neste ritual.
  • Outra questão que reuniu consenso foi a referente aos códigos de vestuário. Todos vestiam a melhor e mais bonita roupa que possuíam, daí ser denominada também pela roupa de domingo. Isto acontecia pelo Domingo ser também o dia de ir à missa, o evento social mais importante a semana.
  • Esta renião familar, pelas suas caracteríticas de descontracçao e de convívio familiar, não obedecendo a horários rígidos semanais em função de actividades laborais, iniciava-se mais tarde comparativamente com os almoços semanais ou mesmo de sábado, que era um dia de trabalho para muitos, de resolução de questões familiares ou de tarefas domésticas. prolongava-se durante a tarde, entre conversas e jogos familiares.








Conclusão

  • A reunião do almoço de Domingo constitui, indubitavelmente, um ritual social de grande importância, visto que é um momento de confratenização e de manutenção dos laços familiares. É também um momento de descontracção partilhado por todos, pois este é o dia da semana em que a família dispõem de mais tempo para conviver e passar mais tempo à mesa.
  • Estes rituais perpassaram através de gerações, contudo sofrendo algumas alterações. Verificamos que "no tempo" dos mais velhos, era conferido um maior relevo a este momento. As famílias reuniam-se imperetrivelmente todos os Domingos para almoçar e conviver. As gerações mais novas, dentro do grupo dos entrevistados, também participavam em reuniões mais alargadas, contudo, não com a mesma periocidade, isto é, não se realizava todos os Domingos. Todavia, mesmo os almoços de Domingo em que estes elementos se reuniam num agregado reduzido( família nuclear) verificava-se uma preocupação maior com esta refeição, sendo esta mais elaborada e melhor apresentada.
  • Mais do que as diferenças verificadas a nível inter-geracional, evidenciaram-se com maior destaque as diferenças entre níveis socio-económicos distintos. Apesar deste ritual se constituir importante para todos, em famílias de nível socio-económico mais elevado verifica-se uma maior espectacularidade e fausto no decorrer do rito.
  • Comparativamente com os dias de hoje, e com o nosso contexto social, podemos inferir que este ritual tende a perder a sua índole. Tendo como referência o nosso contexto familiar e comparando com os resultados obtidos nesta investigação, podemos afirmar que o ritual do almoço do Domingo tem perdido o seu valor, sendo que as famílias têm vindo a diminuir a frequência com que se reúnem, facto subsequente do individualismo presente na forma de viver dos nossos dias.

Almoço em família

domingo, 25 de novembro de 2007

Entrevista utilizada

  • Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação


    Entrevista


    1- Era habitual, no teu contexto familiar, reunirem-se ao Domingo para almoçar?

    2- Quantas pessoas se reuniam nesta refeição?

    · Quem eram (grau de parentesco)?

    · Como se distribuíam os lugares na mesa?

    3- Quanto aos utensílios, como eram:

    o Os talheres?
    o Os pratos?
    o Os copos?
    o A toalha?

    · Os utensílios utilizados neste almoço eram diferentes dos utilizados no dia-a-dia?

    4- Em que local se realizava?

    5- Os pratos confeccionados diferiam dos outros dias da semana?
    Se sim, quais eram?

    · Quais as refeições habituais à semana?

    · A apresentação era mais elaborada?

    · Havia mais variedade de comida e alimentos?

    · O que se bebia?

    6- Quem preparava o almoço?

    · O modo de preparação era diferente? Demorava mais?

    7- A forma de vestir alterava-se nesse dia? Porquê?

    8- A que horas iniciava o almoço? À semana era diferente?

    · Quanto tempo durava? A que horas terminava?

domingo, 28 de outubro de 2007

Dados sobre o trabalho

Trabalho realizado no âmbito das disciplinas:
  • Introdução às Ciências Sociais
  • Seminário de Iniciação à Mediação e Formação: temas e problemas da educação contemporânea
  • Laboratório Multimédia

Docentes:

  • Ariana Cosme
  • Manuela Ferreira
  • Paulo Nogueira
  • Rita Falcão

Elementos do grupo:

  • Ana Filipa Pinho
  • Janine Martins